segunda-feira, 18 de maio de 2015

É NOITE





De repente fez-se noite
Em meus dias
Mas por que a surpresa
Se nos encontramos ontem,
Antes da meia-noite?
Eu e ela, a noite

Foi uma noite fria de verão
Noite fria em meu coração
Foi longa, quão longa aquela noite
De vigília, de alucinação

Mas eu esperava pelo dia,
Pelo sol ao amanhecer
Esperava a alegria,
O sol alto, ao meio-dia

Mas a noite, ah como é triste a noite
Quando não quer amanhecer
É como a alma de um poeta
Prestes a morrer

E morreu
O poeta está morto,
Cego, mudo, trôpego,
Em estado de decomposição

Mas ele ainda não deixou o mundo
Cava ao longe o seu túmulo
No abismo mais profundo
Entre a sua alma
E o seu coração

Eduardo C. Mendonça



2 comentários:

Carla disse...

Quantas noites se passaram para sair este poema!!!

As paginas brancas completas de Maria Quiteria disse...

Me vi lendo algumas linhas de Fernando Pessoa, meu escritor favorito. Mas foi melhor, porque foi você, e eu te conheço pessoalmente.