quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Uma Mão Se Estende




No choro comprimido
Ou na derrota do dia
No prêmio merecido
E na dispensa vazia

Na saúde que cai
Ou num tombo no barro
No amor que se vai
E num acidente de carro

Na hora do aperto
E na saudação
Na hora do acerto
E na comunhão

Em porres nos bares
No rosto que lavo
No desabamento de lares
E nas batalhas que travo

No livro que leio
Ou na vida que termina
Em cada receio
E na voz que ensina

Na dor da enchente
Ou na filha perdida
No obstáculo à frente
E pra curar a ferida

No comércio, no morro,
E em forma de prece
Estendida a socorro
A mão se oferece

Te cobre, te despe,
Te liberta, te tolhe,
A mão que te acolhe
É a mesma que fere


Eduardo C. Mendonça





terça-feira, 17 de julho de 2012

TemperaMental



Nem o frio da capital
Nem a chama do velho fogão
Nada é tão temperamental
Como o interior deste coração

                                                                                   Eduardo C. Mendonça

segunda-feira, 25 de junho de 2012


 

Vestido para a morte

Procuro vestígios de mim

Não sei se é azar ou se é sorte

Só sei que tudo tem um fim

                                                                      

                                                                  Eduardo C. Mendonça

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Infinito Amor




Repentinamente, me deparo
Com teu enorme abismo à minha frente
De súbito, me desencanto e me declaro
Mas não há como prender-me eternamente


Inexplicavelmente, me levanto
Ainda há um precipício logo adiante
Ato falho, resquício ou prenúncio-canto
De um inconformismo inerente?


Inexpugnavelmente, me entrego
E salto em pranto sem saber ao certo
Onde e quando cair, ou se o fim está perto
Já que me agarrar não posso, e a lutar me nego


É o universo que por ti clama,
Ou tu perdeste a verdadeira chama?
Na luz que por muito acompanhou este cometa
Agora repousa só o brilho de uma velha estrela preta


O amor se foi nas elipses do tempo
Cavou túneis, abriu novas dimensões e casamatas
Exibindo-me todas as alegrias e falhas,
E retornou à infinita fonte, no devido momento


É o amor que pediu passagem
Juntou suas tralhas, abriu novo caminho
E adormeceu sereno no teu carinho
Durante esta bela e longa viagem


Buraco negro em meu sistema solar
Big Bang em algum outro lugar

Eduardo C. Mendonça

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Sociedade Muda


O brado fala

O povo reclama

O governo cala

O ato inflama


O povo reclama

O governo cala

O brado ainda fala

Mas o ato para


O grito logo para

O brado perde a chama

O governo ainda reclama

E o povo cala

Eduardo C. Mendonça