segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Avante Ave


Siga em frente o teu caminho

Porém, com calma

E sem pressa

Senão, você tropeça

Mas insista

Persiga tua alma

Abra tua vista

Pois se voa o passarinho

É porque não há nada que o impeça

Eduardo C. Mendonça

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ArteFato


De desejo, objeto

De anseios, o projeto

Do artista, um protesto

Dessa vida, algum reflexo

Cria de mãe desnaturada

A cumprir o seu destino

- Eis a busca bem-aventurada

ArteFato eu confirmo!


Eduardo C. Mendonça


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Construções e Desmoronamentos




I
Sacada, alpendre,
Varanda
Não sobrou nada
Só a lembrança do sobrado
(É)difício... mas tenho que concordar
As grandes cidades cimentaram o passado

I I
Moinho, pilão,
Fogão de lenha
Não restou nada
Só o extintor contra o fogo na escada
(É)difício... mas tenho que concordar
As grandes cidades cimentaram o passado

III
A cada tijolo erguido
Uma lembrança despedaçada
Pra cada bloco cimentado
Mais uma janela fechada
(É)difício... mas tenho que concordar
As grandes cidades cimentaram o passado



Eduardo C. Mendonça

terça-feira, 8 de junho de 2010

Que Coisa


Coisas estranhas acontecem

Aqui, ali, em todo lugar

Coisas perdidas reaparecem

E não há como explicar


Tal como as coisas somem

Coisas novas surgem

E assim como existem coisas certas

Sobrevivem as erradas


Há coisas que nos erguem

E coisas que nos derrubam

O bom é que coisas boas surgem

E as ruins passam


Certas coisas nos levam

Diversas coisas nos trazem

Coisas inexplicáveis nos impedem

E coisas indecifráveis nos falam


Uma infinidade de coisas nos pedem

Um tanto a gente doa

Há coisas que florescem

Com outras coisas se voa


Certas coisas são raras

E muita coisa é frescura

Prefiro as coisas claras

Não às escuras


Dizem que qualquer coisa não é a mesma coisa

E que coisa nenhuma é um jeito de negar

Tem também quem não assume a coisa

E coisa que num dá pra negar


Mas cada coisa tem o seu lugar

E há coisas que não se deve falar

Dá pra entender tanta coisa

Se as coisas estão sempre a mudar?


Até porque tem quem não diz coisa com coisa

E coisa que não diz nada

Mas uma coisa é certa

A gente reclama quando a coisa aperta


Eduardo C. Mendonça

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Foi-se

Vestido para a morte
Procuro vestígios de mim
Não sei se é azar ou se é sorte
Só sei que tudo tem um fim


Eduardo C. Mendonça

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alone



Mais cedo ou mais tarde,

A verdade vem à tona

E, com ou sem alarde,

Te leva à lona


Eduardo C. Mendonça


segunda-feira, 8 de março de 2010

Obrigado! De nada!



Nada vale tuas lágrimas

De nada vale o teu furor
Nada vale tuas lástimas
De nada vale o teu horror

Nada vale o teu sorriso
Nada vale teu desespero
De nada vale o teu siso
De nada vale teu esmero


Nada vale a castidade
Nada vale a solidão
Nada vale a promiscuidade
Nada vale a religião

De nada vale a loucura
De nada vale a sobriedade
Nada vale a ternura
Nada vale a piedade


Nada vale o teu ego
Nada vale um desejo
De nada vale um segredo
De nada vale ao que me apego

Nada vale o teu dinheiro
Nada vale o teu apreço
Nada vale o mundo inteiro
Só me vale o que mereço


De nada vale
O obrigado
De nada


Eduardo C. Mendonça

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Homem de Pedra


Eu me tornei um homem de pedra

Silencioso,

Impenetrável,

Afeito cátedra


Preso neste bólido interior basáltico

Solidificado,

Eis-me fóssil,

Imperfeito e cético


Um homem de pedra incandescente

Gélido,

Indecifrável,

Rarefeito e descrente


Na quietude etérea

Primorosa

E instável

Da matéria


Afaste-se!

Não se aproxime tanto assim

Sou um homem de pedra

E o magma já não corre mais em mim


Um homem de pedra intrépido

Efusivo,

Eu volátil,

Desfeito e impávido


Imune ao estrume

Talhado de precipícios e cumes inabitáveis

Eu indelével,

Solitário e intransigente


Um homem de pedra altivo e ígneo

Contra os homens- feras

Eu imóvel,

A mirar o transcorrer das eras


Petrificado por Ilíadas desafortunadas

E areníticas batalhas

Sedimentadas em sangue

Sim! Eis aqui um homem de pedra, enfim



Eduardo C. Mendonça