quarta-feira, 28 de maio de 2008

É NOITE


De repente fez-se noite
Em meus dias
Mas por quê a surpresa
Se nos encontramos ontem,
Antes da meia-noite?
Eu e ela, a noite...

Foi uma noite fria de verão
Noite fria em meu coração
Foi longa, quão longa aquela noite!
De vigília, de alucinação...

Mas eu esperava pelo dia,
Pelo sol ao amanhecer
Esperava a alegria,
O sol alto, ao meio-dia...

Mas a noite, ah... como é triste a noite
Quando não quer amanhecer
É como a alma de um poeta
Prestes a morrer...

E morreu...
O poeta está morto,
Cego, mudo, trôpego,
Em estado de decomposição...

Mas ele ainda não deixou o mundo
Cava ao longe o seu túmulo
No abismo mais profundo
Entre a sua alma
E o seu coração...


Eduardo Campos Mendonça

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