Um maldito cheiro de mofo
Em minhas narinas
Esquisito como naftalinas
Num armário
Um repugnante gosto de bile
Em minhas papilas
Impregnante como a fumaça
Do narguile
Esse insuportável cheiro de café
Por toda a casa
Tão comum
Como calos em meu pé
Um malquisto gosto de terra batida
Em minha mão
Tão presente e impregnante
Como a solidão
Essa estranha alegria e mal-estar
Com gosto de passado
Que vem no vento
Pela janela da sala de estar
É o tempo que se foi
Que o vento traz de volta
Misturando sentimentos
Aos meus pensamentos...
Migalhas doces e amargas
Carunchadas na memória
Cenas de uma vida já ida,
Esvaída ali, naquela fotografia
O retrato permanece aqui,
Sobre a mesa
Inacabada história...
Sobremesa ácida que custo a engolir
Alguém me diga, por favor,
Quanto vale a memória?
Eduardo Campos Mendonça
Um comentário:
Vale o gosto do passado.
O doce sabor da infância perdida,
dos momentos alegres vividos até então...
E o amargo sabor dos fracassos, das brigas perdigas, das pessoas perdidas...
Na verdade, não importa muito quanto vale, ou o que vale.
O que importa é que sempre vale!
Beijo!
(Pa)Lola :)
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