sexta-feira, 25 de abril de 2008

Um Maldito Cheiro de Passado


Um maldito cheiro de mofo
Em minhas narinas
Esquisito como naftalinas
Num armário

Um repugnante gosto de bile
Em minhas papilas
Impregnante como a fumaça
Do narguile

Esse insuportável cheiro de café
Por toda a casa
Tão comum
Como calos em meu pé

Um malquisto gosto de terra batida
Em minha mão
Tão presente e impregnante
Como a solidão

Essa estranha alegria e mal-estar
Com gosto de passado
Que vem no vento
Pela janela da sala de estar

É o tempo que se foi
Que o vento traz de volta
Misturando sentimentos
Aos meus pensamentos...

Migalhas doces e amargas
Carunchadas na memória
Cenas de uma vida já ida,
Esvaída ali, naquela fotografia

O retrato permanece aqui,
Sobre a mesa
Inacabada história...
Sobremesa ácida que custo a engolir

Alguém me diga, por favor,
Quanto vale a memória?


Eduardo Campos Mendonça



Um comentário:

Anônimo disse...

Vale o gosto do passado.

O doce sabor da infância perdida,
dos momentos alegres vividos até então...

E o amargo sabor dos fracassos, das brigas perdigas, das pessoas perdidas...

Na verdade, não importa muito quanto vale, ou o que vale.
O que importa é que sempre vale!

Beijo!

(Pa)Lola :)