terça-feira, 29 de abril de 2008

Pássaro Noturno


Eu sou pássaro noturno
Solitário canto da madrugada
Encorajo os medrosos para a vida
Desperto os vivos de tal morte

Às vezes, me passo por corvo
Remexo tuas dores, te aviso das desgraças
Abro-te os olhos já cegos pelo ouro
E te ofereço melodias e belos amores

Não procures nem tentes me entender
Sou o inexplicável que tu não podes ver
Meu alimento é a vida
E à minha vista nada escapa

Não tentes me impedir
Me seguir será em vão
Lembra-te: sou pássaro noturno
Não podes me avistar aí do chão

Passado, presente e futuro
Para mim nada são
Sou o pássaro noturno
A bicar a tua mão

Não temas, não é preciso fechar a janela,
Pois não chego sem avisar
Se a hora não for tua
Não há com o quê se preocupar

Se for, entrega-te ao teu destino
Como o faço ao voar
Respeita-me: sou pássaro noturno
Nem menino pode me pegar

Por tempos, sou coruja e saio à caça
De injustiças entre os seres de todas as raças
Sou ave amiga dos heróis e dos poetas,
E de todas as almas inquietas

Não proclamo o bem,
Nem incentivo o mal
Sou o pássaro noturno
Cujo canto é um sinal

Não proclamo morte
Não anuncio alvorada
Sou o silêncio que ecoa pela mata
Definindo teu destino, tua sorte

Lembra-te: sou pássaro noturno,
Espírito da madrugada
O fiel mensageiro da natureza
Que acompanha tua jornada


Eduardo Campos Mendonça

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