quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VIVER DÓI - Paradoxo Drummoniano



Já não temo mais a dor

Estou inebriado...

Mas, acalme-se,

A indiferença não tomou conta de mim

Ainda sinto as marcas desse fardo

Só que agora me entrego à dor

Como uma mãe se entrega ao parto

Carrego o peso desses erros

Em estado semi-abstrato

Mas como isso dói

Pergunte às plantas, pergunte às pedras...

Eles te revelarão teus sentimentos

E, mesmo em partículas centesimais,

Verás o quanto isso dói

Então, sentirás a vida sangrar

Por tua pele, por tuas narinas e ouvidos

E sentirás tudo isso doer, sem se revelar

Verás que, mesmo escondida,

A vida dói chorosa, calada e espremida,

Quão inexplicável é

Sentirás no teu corpo, nas tuas entranhas

E nos teus pensamentos

Mas descobrirás que choras sozinho

E que não há bálsamo para te consolar

Mas se tiveres força para manter-te firme

E paciência para suportar tal tortura mental

Vais descobrir que essa miserável dor

Não é de hoje, nem do passado...

É a mesma dor de sempre

Que não é só minha,

Nem tua exclusivamente

É a dor do povo, da rua, da gente...

Não é uma dor como quem cai da bicicleta

Nem como quem martela o dedo, ou bate a testa

Não é dor de amor, de ódio, nem de poeta.

É a dor de um mundo egoísta que não presta


Eduardo C. Mendonça

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Jogo da Vida


Sendo ou não imposta

Seja qual for a proposta

Toda escolha é uma aposta

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Poema de Natacha Orestes especialmente para o EM DU VIDA

enquanto escrevia

tinha mania:

invocar a deus

mas agora estava

ela mesma invocada:

-deus é um equívoco?

violou a lei e duvidou

da dádiva

que sempre achava

que fosse a vida

desencontrando a deus

ela se encontrou


cheia de demônios

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Entre Aspas

.

O ponto de partida pouco importa

Importante é que você siga

Escrevendo tua história

Esse é o caminho, a porta



As interrogações são muitas,

Eis os fatos

Mas não desista, persiga

Concentre-se nos atos



Não se preocupe com o aonde chegar

Nem como tudo pode terminar

Ponto final nem sempre é morte

Recomeço, quase sempre, por sorte



Respire fundo, aspire

Inspire seus personagens

Em suas travessias, viagens

Sonhe, foque, mire



Respeite as pausas

Os diálogos, as causas

Pare, pense,

Pontue



Felicidade não é busca

É ser, existir

E não se assuste

Quando dois pontos tentam se unir



A existência é ambígua sim

É calma, prudente,

Movimento sem-fim

Oscilação intermitente



Não é apenas

Reticências...

É breve momento, aspas,

Entre infinitas existências


Eduardo C. Mendonça

terça-feira, 2 de junho de 2009

Esboço Semi Abstrato



Como nuvem voa
Pensamento vai
Como água cai
Chuva que refaz

Em Terra brota vida,
Sonhos pelos ares
- arte concreta, abstrata cisma
De esboços e encantos

Rarefeito ato de pensar
Tamanho efeito
Rente ao sumo despertar
Caminho longínquo,
Elíptico - cristal a amalgamar
Óptico, assimétrico, indecifrável

Sulco translúcido, ambíguo
Doce sumo indelével
Na tola busca de racionalizar

Pensa Deus – faz da idéia
Alquimia destemida de criar
Pensa Homem – Universo a desvendar


Eduardo C. Mendonça

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Nem Tão Simples Assim



Uns sonham riqueza

Banquetes sobre a mesa

Doce pranto de soberba

Átrio alvo e confuso


Eu, tímido, perplexo

Sonho campos e sendas

Riachos e florestas

A alegria esvoaçante dos pássaros


Muitos sonham sorte

Amarga ironia:

Vida ou Morte?

- enigma universal, etéreo


Eu, carne, fome,

Quero gosto, vento,

Gozo, tato,

Movimento


Outros, sonham enredos antropomórficos

Epopéias ditas em clarins

Fino trato de Camélias

Grandes obras em nanquim


Eu, alma, essência por fim

Hipótese, espectro

Utópico, anárquico

Sonho descobrir a mim


Eduardo C. Mendonça