Eu me tornei um homem de pedra
Silencioso,
Impenetrável,
Afeito cátedra
Preso neste bólido interior basáltico
Solidificado,
Eis-me fóssil,
Imperfeito e cético
Um homem de pedra incandescente
Gélido,
Indecifrável,
Rarefeito e descrente
Na quietude etérea
Primorosa
E instável
Da matéria
Afaste-se!
Não se aproxime tanto assim
Sou um homem de pedra
E o magma já não corre mais em mim
Um homem de pedra intrépido
Efusivo,
Eu volátil,
Desfeito e impávido
Imune ao estrume
Talhado de precipícios e cumes inabitáveis
Eu indelével,
Solitário e intransigente
Um homem de pedra altivo e ígneo
Contra os homens- feras
Eu imóvel,
A mirar o transcorrer das eras
Petrificado por Ilíadas desafortunadas
E areníticas batalhas
Sedimentadas em sangue
Sim! Eis aqui um homem de pedra, enfim
Eduardo C. Mendonça