terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Homem de Pedra


Eu me tornei um homem de pedra

Silencioso,

Impenetrável,

Afeito cátedra


Preso neste bólido interior basáltico

Solidificado,

Eis-me fóssil,

Imperfeito e cético


Um homem de pedra incandescente

Gélido,

Indecifrável,

Rarefeito e descrente


Na quietude etérea

Primorosa

E instável

Da matéria


Afaste-se!

Não se aproxime tanto assim

Sou um homem de pedra

E o magma já não corre mais em mim


Um homem de pedra intrépido

Efusivo,

Eu volátil,

Desfeito e impávido


Imune ao estrume

Talhado de precipícios e cumes inabitáveis

Eu indelével,

Solitário e intransigente


Um homem de pedra altivo e ígneo

Contra os homens- feras

Eu imóvel,

A mirar o transcorrer das eras


Petrificado por Ilíadas desafortunadas

E areníticas batalhas

Sedimentadas em sangue

Sim! Eis aqui um homem de pedra, enfim



Eduardo C. Mendonça