sexta-feira, 9 de setembro de 2011

ABRAÇO


De pai, de mãe, ou de tia

Um abraço é de grande valia


De professor, de aprendiz, ou de criança

Um abraço de esperança


De um conhecido, de um amigo, ou da namorada

Um abraço camarada


De filho, de avô ou de avó

Um abraço para desatar um nó


De irmão, de paixão, ou por educação

Um abraço pra espantar a solidão


De parabéns, de apoio, ou simplesmente consolador

Um abraço é sempre confortador


De aconchego, de alegria, ou de saudade

Um abraço é de extrema necessidade


Eduardo C. Mendonça

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SAL A GOSTO


Você tem levado a vida com gosto

Ou nem sempre a alegria

Anda estampada em seu rosto


Se a casa cai, se afunda o barco,

Ou aquele amor deixou um gosto amargo

Na travessia, nem tudo é desgosto


Mesmo que a contragosto

Até pra quem engole sapo

Ainda resta um tira-gosto


Acredite, seja qual for o mosto

O futuro reserva alguma valia

Pra quem transpira e persiste


Isto posto, há nova chance a cada dia

De recomeçar ou satisfazer um gosto

Até mesmo em agosto


Mês do cachorro louco

Como o gosto do freguês

Ou o extravagante bom gosto do francês


Mas não se deixe levar pelo desespero,

Nem pela opinião dos outros

Muito menos pelo aparente exposto


Livre-se do apego e do imposto

E esteja sempre disposto

Pro que der e vier


Pois, a gosto dos homens ou de Deus

A vida é um poema composto

Que a gente escreve como quer



Eduardo C. Mendonça


quarta-feira, 6 de abril de 2011

In Desmemória à Paula


Eu cavalgo a noite

Como tu a feres,

Serena, em plumas

E sinto-a jorrar

Lispectoramente drummoniana

No cálice dos despertos

E, de reprente, me vejo

A com partilhar contigo

Do primeiro verso

Ao reverso e o estribilho


Há algo de mim em ti,

Eu minto?

Apenas não sei o que e como dizer

Mas, quando escreves,

Eu sinto!

E não careço mais escrever

Eduardo C. Mendonça

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ao Filho Que Nunca Terei



Jaz neste rubro epicentro corpóreo

A telúrica ânsia multiplicativa

Falha torpe em minha reles rotativa

Ou nas sinapses do vulgo instinto arbóreo?


A sorver o sumo banquete pélvico

Em tácita sede humano-celeste

Deste ser tão mutante e hermético

Ver-se na trágica bica seca, em teste


Ímpeto vivus, posto vago, se esconde

Em desconexos vestígios do eu “um”

Eis a diária esfíncter de carmas, sonhos e valores

A prover o eu “muitos”, um a um


Sinuosa e antagônica chama disforme,

Que meu emblemático escalpo, do povo se salve

E ao mundo inteiro proclame e informe: eu já saí do trilho

Mais ainda quero gozar de algum gozo, meu filho

Eduardo C. Mendonça