Já não temo mais a dor
Estou inebriado...
Mas, acalme-se,
A indiferença não tomou conta de mim
Ainda sinto as marcas desse fardo
Só que agora me entrego à dor
Como uma mãe se entrega ao parto
Carrego o peso desses erros
Em estado semi-abstrato
Mas como isso dói
Pergunte às plantas, pergunte às pedras...
Eles te revelarão teus sentimentos
E, mesmo em partículas centesimais,
Verás o quanto isso dói
Então, sentirás a vida sangrar
Por tua pele, por tuas narinas e ouvidos
E sentirás tudo isso doer, sem se revelar
Verás que, mesmo escondida,
A vida dói chorosa, calada e espremida,
Quão inexplicável é
Sentirás no teu corpo, nas tuas entranhas
E nos teus pensamentos
Mas descobrirás que choras sozinho
E que não há bálsamo para te consolar
Mas se tiveres força para manter-te firme
E paciência para suportar tal tortura mental
Vais descobrir que essa miserável dor
Não é de hoje, nem do passado...
É a mesma dor de sempre
Que não é só minha,
Nem tua exclusivamente
É a dor do povo, da rua, da gente...
Não é uma dor como quem cai da bicicleta
Nem como quem martela o dedo, ou bate a testa
Não é dor de amor, de ódio, nem de poeta.
É a dor de um mundo egoísta que não presta